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domingo, 21 de agosto de 2016

O tempo em clima de água doce

Amanhecer, viver e prolongar o dia seguinte.

Encaramos a folha branca pousada em cima da mesinha de cabeceira e planeamos não escrever nada.

É o tempo em clima de água doce.

Passo a passo respiro pausadamente, e o tempo que passa pelas minhas mãos arrogadas, é um mimo de afeto, uma lufada livre de tarefas…

Releio memórias em tons de sorrisos, arrumo a escrevaninha das recordações economizando esforço para não desperdiçar esta minha simpatia…

Alinho os quadros das ausências prolongadas, para uma tarde lembrar os beijos que passaram pela minha face.

Na troca de galhardetes tenho um momento de pura lógica...

É o tempo em clima de água doce.

Em tempos de descoberta intensificamos o amor pelo novo, pelo próximo,
Intensificamos o carinho em constante repetição,

Não há iteração de erro, pois em todos os defeitos, componho todos os acertos…

É o tempo em clima de água doce.

Viver é paciência, é intensidade, é não abandonar o cenário que Deus nos proporcionou.

A partilha da essência do meu ser, será o meu passo de dança para com qualquer vida imaginada…

E é assim… o tempo em clima de água doce.

André Castro
Maio 2016

Beliscos II

I
Pedra mármore em deserto ilusão,
Matraquilho castrado pela sentinela despida,
Sono arrefecido pelo oásis safira,
O bocado de pão em boca desmedida.

II
Vício em sangue de tom doce,
Palpitar de hipotálamo em fase crescente,
Sol nordeste vento baldio,
Sons de corte em balde sem vazio.

III
Tinta barroca em cisnes pirateados,
Moldes de riso em sombra dançante,
Vinculo de tom absoluto,
Falácia de valsa em luto.

IV
Analfabeto em grego,
Temporal risonho em indiano,
Falsete sem espadachim,
O ridiculo em solo efervescente.

V
Pedras urbanas em quarto minguante,
Palacete em estrela lunar,
Fresco sobre cinza,
Tinta em sinônimo de empatia.

VI
Íris compilada,
Filtros amarelados,
Enchente ar pulmonar,
Degustação de lado tropical.

VII
Tempero salgado,
Soluço binário de foco,
Sentido abstracto na moeda fictícia,
Medusa em sumo de calor adoçado pelo vértice de Pitágoras,
Jogo de contraste no arbítrio sinfônico,
Acidez limoeiro, mel sobre hipótese.

VII
Espasmos diâmetros em sede fugaz,
Alcateia desvanece em incenso benjamim,
Fogo que arde almeja a alma inocente do cavaleiro sem cabeça,
Sórdido armário em cabides desnudos,
O patentear do sonho em coração armado,
Felicidade nas pontas dos dedos flagrados pelo palato das gotas rupestres,
O cetim em cerimónia magistral no seio do arco Galiléia.

André Castro
Beliscos/ Escritas incompletas

Agosto 2016

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Beliscos I

(I)
Densa floresta sob tempestade bipolar.
Uivos arcaicos na metamorfose do ser.
Perdição no tempo, durante a ausência das apóstrofes não ouvidas.
Roteiro cravado nas asas invisíveis.
O deambular das pedras salgadas em clima de água doce.
O coração abrigo no despir das palavras ofegantes.
E todas aquelas afirmações chave, fumegando em toda a estrela cometa...

(II)
Mãos de manteiga no cantarolar dos cisnes puros...
Fragrâncias em tons de silêncio que se infiltram nos cantos rupestres da luz...
Pulso ocular no sentir frio lunar...
Sentado diante a fogueira, na varrida dos ventos sonoros.


A.C. Janeiro 2016

Cortes Suspensos II

(I)
E na palma temporal surge o frio suspiro de emoções mudas, envoltas de palavras órfãs.
Começa a dança de olhares tímidos, e invisíveis beijos são proporcionados.
(II)
Aquela noite recheada de tonalidades camaleónicas a olho nu.
No bater de asa em tom maior.
No auge do ruído cardíaco em paz de amor.
A noite de emoções de passe livre sonoro.
(III)
O gato era astuto de natureza, artista por desafio.
Entre os silêncios gestuais, desenrolava os sopros de palavras cruzadas sem acentos...
(IV)
No oceano das mágoas de cristal, a claridade assombra as bússolas corrompidas pelo tempo em construção.
Paisagens categóricas em forma de enigma responde na troca de linhas paralelas de poesia, nossa grande amiga. Viva a poesia.
(V)
Frio interrompido em pausa gramatical.
Baloiçar das silvestres folhas na maratona de sentidos opostos.
Esfera em pingos de luz na eclosão de uma estrela massiva...
(VI)
Passeio de ecos nas redondezas da alma.
Um piano desafinado sensível ao toque.
Um baralho de cartas na ausência de um Ás de Espadas.
(VII)
Mergulho em Vénus saciando a sede que nunca está ausente.
Com lápis faço esboços auxiliares sob as memórias trapézias.
Em ventos solares contorno pedras de toques minerais.
Mímica de ave noctívaga, sonhos de cardinal e vogal..
A.C. Janeiro 2016

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Translucidez

Pedra de chama ardida,
Incidente em círculo desnudo.
Fronte vista desprevenida de premissas,
Automatismos cercados por largas correntes…

Impercebível toque de mediação,
Em interna constelação de eupatia.
Dedução de fuga circuncisada em tempo e no espaço,
Ora detemos o branco em clima negro, ora o negro em clima branco…

Agitação de pixéis em configuração local,
Traço delineado em devaneio não inanimado.
Fios de saudades de toque,
Uma particularidade sob efeito constante de choque…

André Castro

sábado, 10 de janeiro de 2015

Sem Título XI

Ser Humano em abstração
Sujeito ausente sem clareza.
Espaços vazios entre linhas,
Nomeações inequívocas em percalço.

Sentir da matéria inanimada,
Toque subtil de proteção…
Vista do espelho trapézio,
Recordações em forma de agitação.

Sobreposição de ecos externos,
Nas palavras apagadas, erradas e incoerentes.
Estratégia de colmatar falha,
Um riso de apagar dor.

Desapego sem rasto,
Luz com algum brilho.
Claridade em evidência,
Susto frio no desregular da melanina…

André Castro

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

H.F.L.

More than we ever know
We may understand that between distant paths,
This was our last embrace…
Yielding to a set of scattered scars on cold coal

Whips of expressions
In the deep of what we have found.
Time rhythms became slow…
And that precious gold and silver… was never found…

Rusty beat of a breaking heart…
Voice unkind in the back of our mind
Encrypted notions that everything was over,
In a parade of illusions of healthy relations

Now it’s cold and shallow
And the ceilings falls apart of unprotected wounds...
So, let’s rest until tomorrow
Will bright lights rise on this sea of sorrow?

Hope For Love

André Castro