(I)
Tropeço na calçada portuguesa originária dos instintos racionais do ser humano,
Divago em pensamentos contraditórios com o cenário
coincidente das tonalidades expostas nos quadros surrealistas.
Entoa vozes tremidas de um lado e de outro,
Mas.. por mais estranho que pareça há inexistência de
caruncho, e a leveza de uma pena...
E sinto-me como uma personagem de ficção!
Mas não! Sou real!
Sangue circula em mil e uma velocidades,
Motor orgânico falha em limar suas arestas e extremidades,
Ora estou, ora não estou, ora finjo estar.
Confesso!! Fujo em abraçar a realidade,
Ela é negra e suja,
Imagino contornos de vermelho,
Nódoas de sangue por onde calco o meu pé..
Pessoas aleatórias, o mesmo contexto, um deficiente
capitalismo.
E sempre o raio do mesmo disco,
Aquele que harmoniza mas não convence.
Por entre as gotas de chuva que borrifam minha face,
Algumas são colaterais, e não somos perfeitos não!
E amar sem pensar no status social?
(II)
E sufoco nestas chamas sem cinza,
Sem sinais de fumo auxiliante,
Abraçado em paredes brancas e com nódoas!
Em perfeita desordem e incapaz de encontrar a chave que
coincide com a arca dividida pelos hemisférios equilibrados do miolo.
(…)
E em miolos de pão, rezam as fábulas que um pequeno jovem
desenhava o seu trajeto para poder orientar-se na ruela hipnotizante…
Ruela que sacudia os medos afastava os abutres e fantoches
de sua rotineira.
Ruela adjuvante do destino enigmático que cruzava todas as
curiosidades por desvendar com adversidades picantes que seus ossos se faziam
sentir.
(III)
Navegação psicadélica desadunada…
E tudo é nada e os indícios rupestres são tudo!
Castelo de areia ergue-se em rochas húmidas musgosas,
Pétalas de rosa abatem o cio do tempo.
Risos malandros do gato fadista emergem no piano sem som,
Sombrosos arrepios engolem o suor das premissas em
reticências.
E tudo mantém a sua essência, gulosa por nacos de
inspiração,
Com recheio de apreciação sem analogia,
Perdida em espaços de lama, onde os boémios querem tudo
menos fama.
Caverna dos tesos, sítio dos enredos, sem recurso a
presunçosos de epistemologia negra,
Furacão de insígnias flutuantes no imaginário eloquente,
Com argumentos de sorriso em todas as frentes.
Tributos a Deus Baco às vezes em sinal de dilúvio,
Apupos a ingénuos ociosos, os fura-vidas no tombar das
portas da perceção.
André Castro
*Partes de Escritas Imperfeitas
Que intenso!
ResponderEliminarO texto onde mais viajei a ler-te, já to havia dito antes,
ResponderEliminarAndré Castro... ou Martinho Falcão ;)
um terramoto de luz é o que sinto ao ler estes versos,
memórias que ficam belas e prolíficas
nos tempos da casa azul,
Apesar e Por tudo,
um abraço forte te envio, com os desejos sinceros do melhor em tudo para ti rapaz,
Com um sorriso,
na aprendizagem artística e pessoal indelével que tive contigo,
Diogo Da Costa Leal
( diogocleal@live.com.pt )